Técnicas para solos de cavaquinho

Aula de cavaquinho

Se a gente pensar aqui em alguns gêneros musicais, o Brasil tem uma riqueza fenomenal em termos de gêneros musicais, e o cavaquinho funciona bem em muitos desses gêneros, mas a gente vai abordar alguns aqui, que eu estou considerando mais importante a gente fazer nesse momento.

Por exemplo, se você vai tocar um maxixe, você pensa naquele ritmo do maxixe que tem um bumbo fazendo “tum-dum-dum, tum-dum-dum, tum-dum-dum”.

Tem uma caixa fazendo “taca-tica-tunca, tacuntaca-tica-tunca tacuntaca-tica-tunca, tacuntaca”.

Tem, digamos, um triangulo fazendo um tiquindingue, tiquindingue, tiquindingue, tiquindingue.

Esses três, se a gente tiver na cabeça essas três células rítmicas, a gente pode pensar numa levada de maxixe fazendo uma sequência em Dó maior, e sempre mudando um pouco de posição.

E tem muitas variações que a gente pode fazer dentro desse ritmo.

Eu vou começar de novo fazendo esse maxixe e mostrar algumas variações pra vocês.

Uma sequência em outro tom, vou fazer uma sequência aqui, em Lá maior, pensando em uma levada de choro.

Vocês puderam observar uma levada mais delicada, enquanto no maxixe a gente fez uma coisa muito incisiva com o movimento da palheta, quando a gente vai tocar um choro, agente pode pensar nos acordes mais arpejados um pouco, né?

Claro que existem vários tipos de choro também, mas se a gente pensar um choro do Jacó  Bandolim, “Doce de Coco”…

Teve um músico, um cavaquinista, baiano, que morou aqui no Rio de Janeiro durante muito tempo, Carlinhos do Cavaco, que ele inventou um jeito de tocar cavaquinho que virou uma referência também, ele usava o cavaquinho com uma afinação diferente.

Então para tocar o samba, fazia uma palhetada mais incisiva e fazia umas variações rítmicas sensacionais.

Tem muitas gravações que a gente pode ver da Clara Nunes, do Roberto Ribeiro onde ele usa isso.

Percussão e cavaquinho

Essas levadas se relacionam muito com a percussão, quando a gente está tocando em determinado ritmo.

Então, é importante para você que está experimentando tocar o cavaquinho, prestar atenção no que a percussão está fazendo e procurar se relacionar com a percussão, imitando ou fazendo alguma coisa que complemente aquela levada ali, mas eu acho até importante, no primeiro momento você tentar imitar o que está acontecendo ali.

Se você pensar em um tamborim tocando, vai assim que vai funcionar perfeitamente fazendo exatamente a mesma célula rítmica que o tamborim está fazendo.

Daqui a pouco eu vou falar de alguns macetes de encadeamentos de acordes, e dentro desses encadeamentos, a gente fazer mais algumas variações de levadas aqui.

Se a gente pensar, por exemplo, em um baião, em um samba-canção, em uma polca. Existem um universo imenso de variações que a gente pode fazer em cima desses ritmos básicos.

Observar músicos tocando cavaquinho

Eu aconselho você, que está interessado mesmo em se dedicar mais ao cavaquinho, ou até por curiosidade se você não conhece ainda, gravações onde o Canhoto do Cavaquinho, toque Regional do Canhoto, gravações do Jacó do Bandolim, onde você vai observar o Jonas tocando, é uma verdadeira aula de cavaquinho.

Gravações da Clara Nunes, do Roberto Ribeiro ou de diversos outros sambistas onde aparece o Carlinhos do Cavaco tocando.

São algumas referências que eu tô dando assim, que vocês podem procurar facilmente isso e ouvir com atenção e procurar imitar aquilo que eles estão fazendo ali.

É tudo dentro disso que estou mostrando para vocês, só que é acontecendo já na música, entendeu?

Então está tocando junto com outros instrumentos, você pode observar a forma como eles estão se relacionando com os outros instrumentos, no acompanhamento das músicas.

O momento em que ele vai dar uma palhetada para tirar um pouco mais de som, fazer um piano em seguida, tocar baixinho, esse tipo de detalhes de interpretação que vocês podem pescar nessas gravações, como uma complementação desse trabalho que a gente está fazendo aqui.

Macetes de encadeamento no cavaquinho

Aula de cavaquinho

Bom, alguns macetes de encadeamento, dentro daquela ideia que a gente deve aproximar os acordes, se você fizer o Sol maior, o Si bemol diminuto, o Lá menor, o Ré com o Ré com sétima e o Sol.

Si com sétima, Mi menor, Lá com sétima, Ré com sétima e Sol maior, novamente.

Então, se a gente pensar, por exemplo, em uma sequência de Fá maior.

Vou dar um outro exemplo aqui, se você fizer esse acorde aqui, que seria uma Fá com sexta:

Dó, Fá, Ré, Lá.

As notas são essas desse acorde: Dó, Fá, Ré, Lá, é um Fá com sexta.

Se você for fazer um Ré com sétima, basta você chegar o dedo indicador uma casa pra frente.

Se você for fazer um Sol com sétima em seguida, basta você descer o indicador e o segundo dedo meio tom, aí você vai fazer o quinto grau, o Dó com sétima, para voltar para o Fá. O Fá com a nona adicionada no dedinho.

Agora você está aqui em Sol menor, vai fazer uma sequência em Sol menor…

Dó menor com sexta e Fá com sétima, Si bemol com sexta.

E depois voltando para o tom.

Vocês podem observar que, como facilita o encadeamento, você tem que movimentar pouco a mão para conseguir o efeito do acorde, por outro lado, mesmo você movimentando pouco você está dando a cara da harmonia.

Se você só escutar, você percebe o caminho que essa harmonia está fazendo.

Aí você pode pensar em fazer aqui subindo Sol, Mi sete, Lá menor, Ré sete, Sol, diminuto, Lá menor, Ré sete e Sol.

A gente foi em um sentido e voltou depois, entendeu?

Esses encadeamentos a gente pode usar em qualquer tom.

Em qualquer lugar que você estiver no braço do cavaquinho você pode usar, e é sempre muito mais prático quando a gente anda com os acordes próximos uns dos outros.